Desde
que o Homem habita a Terra, encontrou no galho de uma árvore um objeto para
auxiliá-lo em sua marcha, seja apenas para apoiá-lo em terrenos acidentados,
como no caso do cajado, seja para ajudá-lo para ficar em pé por qualquer lesão
dos membros inferiores, traumática ou neurológica.
É óbvio pressupor-se que, com o
avançar da Humanidade, o homem primitivo foi se aprimorando, escolhendo galhos
cada vez mais retos, ou então, recorrendo à pedra lascada, polida e aos metais para
também trabalhar os galhos retorcidos. Imagina-se que, acidentalmente, algum
primitivo descobriu que uma pequena bolota ou uma pequena curvatura numa das
pontas melhorava muito para segurá-la pela mão.
Com o passar do tempo, bengalas
tornaram-se símbolos de autoridade. No antigo Egito elas variavam de acordo com
a profissão do dono, fosse ele um faraó, um tecelão ou um marinheiro. Era de
suma importância que o acompanhasse até a morte e no além, tendo sido
encontrada junto às múmias.
Na Idade Média as bengalas eram
decoradas com crucifixos e outros símbolos da igreja, uma vez que prevalecia o
domínio destes prelados. Os reis europeus portavam bengalas como símbolos de
autoridade, muito bem observado nas pinturas da época como, por exemplo, de
Henrique VIII. Luiz XIV da França portava sempre bengalas ricamente ornamentadas
com joias e as restringiu apenas para a aristocracia. Não permitia que seus
súditos usassem bengalas em sua presença.
Basicamente, uma bengala é dividida em
quatro partes: o cabo, a haste, o colarinho (que une o cabo à haste,
especialmente se forem de materiais diferentes) e a ponteira.
O século XIX, com a Revolução
Industrial, presenciou a fabricação em massa de bengalas para todos os gostos.
Continuaram representando o poder, fundamentalmente monetário, pois quanto mais
rico o proprietário, mais elaborada era sua bengala. Tiffany as fazia, como
todas as outras firmas de porcelana. Faberge usava jade e quartzo. Do oriente
chegavam bengalas com ornamentos em marfim. Artesãos desenhavam colarinhos,
encrustando-os com diamantes. Marinheiros as preparavam de osso de baleia.
São várias as categorias de bengalas.
Sempre vem à mente o seu importante uso médico, desde bengalas de madeira, às
de metal, onde se pode regular sua altura, àquelas de extremidade com quatro
ponteiras para garantir maior estabilidade.
As bengalas decorativas são
principalmente do século XIX e até 1920. Os cabos podiam ser esmaltados, de
prata, bronze, madeira, vidro, etc. As de cabo de prata eram bastante
trabalhadas com cabeças de índios e outras figuras humanas, animais e flores.
Os temas eram por demais variados.
Há também bengalas com várias funções.
Podem camuflar uma arma branca ou de fogo, podem apresentar um esconderijo para
portar documentos ou drogas, ou então ter no seu cabo uma bússola ou um
relógio. Eram inúmeras as aplicações. O famoso violinista Jascha Heifitz
frequentemente portava um arco de violino dentro de uma bengala que retirava ao
se apresentar no palco para um concerto.
No entanto, talvez o uso mais comum
foi de ser, no século XIX e XX, um símbolo de elegância para as damas e
cavalheiros da época. Não se pode esquecer, contudo, seu uso em plena Segunda Guerra
Mundial, onde os comandantes das forças armadas carregavam bengalas finas e
curtas debaixo do braço, como símbolo de seu indiscutível poder.
Não poderia deixar de mencionar que
existem miniaturas de escudos representando cidades ou locais que podem ser
afixadas a uma bengala de madeira. Deixa de ser uma simples bengala para ser
uma bem viajada com histórias para contar.
Gosto sempre de lembrar que fui
ensinado de que a bengala é um instrumento médico para dar apoio, no entanto,
apenas “apoio moral”. Isto não é verdade. Já tive de usar uma bengala em
diversas ocasiões e dou graças ao Homem Primitivo pela sua descoberta, pois
muito ajuda no apoio aos transtornos físicos também.
Depois de ler este artigo estou quase comprando uma...
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