domingo, 4 de janeiro de 2009

A VIAGEM (FRUSTRADA)

(em ritmo de Limerick)

Queríamos fazer uma viagem
Na época em que faz estiagem,
Assim, se não chove
Não há quem desaprove,
Aproveita-se muito bem a paisagem.


Preparamos as malas com afinco,
Todo o roteiro ficara um brinco.
Bilhetes encomendados...
Parentes distantes avisados...
— Não s'esqueçam de fechar a porta com o trinco!


Certo dia fomos fazer uma visita
Numa casa de campo bonita,
A esposa escorregou,
O tornozelo fraturou,
Nos pedriscos da estrada maldita.


A viagem planejada foi suspensa
A reserva de bilhetes se dispensa
Um colega a operou,
Com parafusos ficou,
E o gesso, que raiva, que ofensa!


Alguns meses certamente levou,
E ela quase que se recuperou,
Com dificuldade para andar
Nem pensar em viajar.
Mais uma vez a data se mudou.


Parecia que eu estava invejoso.
Batendo bola num tênis gostoso
O pé no chão travou,
De costas, o corpo voou,
Escorei-me no punho: foi calamitoso!


Sofri uma fratura! — clamei da desavença.
— Não é possível! — me disseram, com descrença.
E um colega me operou,
O punho, com parafusos ficou,
E o gesso, que raiva, que ofensa!


Cinco meses certamente levei,
Na verdade quase me recuperei.
As malas, carregar
Não há o que falar,
Mas será possível viajar, pensei.


Queríamos fazer uma viagem,
Aproveitando muito bem a paisagem.
Porém, agora só chove
Há quem então desaprove
Resolvi: Ficará para o ano que vem!

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