Conta-se a história de uma rodinha de crianças, na qual se discutia animadamente. No meio da rodinha havia um cãozinho. Os pais, curiosos, foram saber o que as crianças estavam fazendo. Veio logo a resposta:
— Estamos vendo quem conta a maior mentira. Quem ganhar, leva o cachorrinho.
— Vocês não têm vergonha? — indagou um dos pais, indignado. — Eu nunca contei uma mentira em toda a minha vida.
As crianças se entreolharam.
— Pai, pode ficar com o bichinho!
Pois é. Quem nunca mentiu, que atire a primeira pedra.
Há vários tipos de mentira, sendo talvez o mais ameno, a dita mentira branca, quando se diz uma balela para poupar alguém — dificilmente a própria pessoa que a conta. Seria o caso de um paciente terminal, quando então se garante que ainda há esperanças. Não se diz que “a esperança é a última que morre”?
Mas fui surpreendido com uma recente decisão judicial brasileira, quando uma testemunha de Comissão Parlamentar de Inquérito solicitou habeas corpus preventivo para depor sem ter de prestar juramento, dando-lhe plenos direitos de mentir sem ser preso.
Que me conste, apenas um réu pode mentir, cabendo à Justiça comprovar o contrário. No entanto, testemunhas têm de prestar o juramento de dizer ‘a verdade, apenas a verdade e nada além da verdade’, sob pena de falso testemunho, conhecido por perjúrio, falta grave que, em países de Primeiro Mundo, leva o mentiroso para a cadeia. Na minha maneira de pensar, houve a oficialização da mentira.
Além do mais, mentiras têm pernas curtas, como diz o ditado. E estas se comportam como bolas de neve: é necessário contar uma mentira atrás de outra para sustentar a mentira inicial, chegando-se a ponto de se perder nestas mentiras, correndo o sério risco da contradição, ponto-chave em investigações criminais, onde é uma excelente arma para expor o contraventor. Em outras palavras, dá-se corda suficiente para o mesmo se enforcar.
Mas acho que a pior mentira é aquela dita propositalmente para prejudicar outrem, ou em benefício próprio ou como vingança.
Relato o caso de um colega que mentiu num processo trabalhista em que era testemunha, prejudicando extremamente o reclamante, porque fora ameaçado — como contou anos depois — de perder seu emprego no hospital que estava sendo acionado, do qual dependia para sobreviver.
É... mentiras se descobrem, mais dia, menos dia. O grande problema é que o Homem tem uma enorme capacidade de esquecer o passado e, com o tempo, muitas mentiras são olvidadas ou mesmo perdoadas, pois seus efeitos deletério e maléfico já passaram.
Agora, se eu já menti alguma vez?
Corta essa! É claro que “nunquinha”. Ha!
Confesso: A verdade é que eu não sei mentir direito...
— Estamos vendo quem conta a maior mentira. Quem ganhar, leva o cachorrinho.
— Vocês não têm vergonha? — indagou um dos pais, indignado. — Eu nunca contei uma mentira em toda a minha vida.
As crianças se entreolharam.
— Pai, pode ficar com o bichinho!
Pois é. Quem nunca mentiu, que atire a primeira pedra.
Há vários tipos de mentira, sendo talvez o mais ameno, a dita mentira branca, quando se diz uma balela para poupar alguém — dificilmente a própria pessoa que a conta. Seria o caso de um paciente terminal, quando então se garante que ainda há esperanças. Não se diz que “a esperança é a última que morre”?
Mas fui surpreendido com uma recente decisão judicial brasileira, quando uma testemunha de Comissão Parlamentar de Inquérito solicitou habeas corpus preventivo para depor sem ter de prestar juramento, dando-lhe plenos direitos de mentir sem ser preso.
Que me conste, apenas um réu pode mentir, cabendo à Justiça comprovar o contrário. No entanto, testemunhas têm de prestar o juramento de dizer ‘a verdade, apenas a verdade e nada além da verdade’, sob pena de falso testemunho, conhecido por perjúrio, falta grave que, em países de Primeiro Mundo, leva o mentiroso para a cadeia. Na minha maneira de pensar, houve a oficialização da mentira.
Além do mais, mentiras têm pernas curtas, como diz o ditado. E estas se comportam como bolas de neve: é necessário contar uma mentira atrás de outra para sustentar a mentira inicial, chegando-se a ponto de se perder nestas mentiras, correndo o sério risco da contradição, ponto-chave em investigações criminais, onde é uma excelente arma para expor o contraventor. Em outras palavras, dá-se corda suficiente para o mesmo se enforcar.
Mas acho que a pior mentira é aquela dita propositalmente para prejudicar outrem, ou em benefício próprio ou como vingança.
Relato o caso de um colega que mentiu num processo trabalhista em que era testemunha, prejudicando extremamente o reclamante, porque fora ameaçado — como contou anos depois — de perder seu emprego no hospital que estava sendo acionado, do qual dependia para sobreviver.
É... mentiras se descobrem, mais dia, menos dia. O grande problema é que o Homem tem uma enorme capacidade de esquecer o passado e, com o tempo, muitas mentiras são olvidadas ou mesmo perdoadas, pois seus efeitos deletério e maléfico já passaram.
Agora, se eu já menti alguma vez?
Corta essa! É claro que “nunquinha”. Ha!
Confesso: A verdade é que eu não sei mentir direito...
Pai, a mentira é o recurso dos covardes que têm medo de encarar os fatos como são. Esses covardes somos todos nós. A covardia não se limita a medos físicos, mas concentra-se principalmente nos medos interiores – de ser humilhado, contradito, contrariado ou enganado. É um recurso mais fácil do que dizer a verdade... A verdade, como diz o provérbio, "dói". O que as pessoas não entendem é que a verdade dói, mas dói apenas uma vez. Já a mentira dói muito mais quando descoberta, pois dói duas vezes: uma ao saber que foi enganado, e a outra ao ter que encarar a pura verdade que veio à tona.
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ResponderExcluirCaro Walter,
ResponderExcluirSobre a mentira que aqui está em chave de literatura infantil e está muito bem escrita. Mas gostaria de tentar aprofundar um pouco mais sobre este tema da "mentira". Em primeiro lugar gostaria de dizer que o contrário da mentira é a "verdade". Coloquei as aspas, porque não há uma mentira totalmente mentira, sempre nela há um pouco de verdade, como também não há uma verdade total, mas há apenas uma verdade parcial, e ambas são exclusivamente de cunho individual: cada um as vê como coisas verdadeiras ou falsas cada um a seu modo. Então como podemos falar de mentira ou de verdade, se não as conhecemos profundamente? Uma verdade científica, ao ser descoberta foi classificada por uma parcela de cientistas como uma loucura, mas que, com o passar dos séculos, foi confirmada como uma verdade. Por exemplo: quando Galileo Galilei disse que a Terra se movia sobre o seu eixo, ou conceito de Copernico, e seu sistema heliocêntrico, ao contrário do sistema ptolemáico, onde o Sol era o centro do nosso sistema solar. De modo que, todo e qualquer conceito, seja científico, seja religioso, está vinculado à nossa restrita consciência, à qual ela se refugia, como uma certeza, no passado para se sustentar, e assim criando outro círculo vicioso, ao qual toda a humanide está presa, pelo passado. Só o gênio transcende esta barreira, pois ele cria do "nada" uma coisa nova, esta coisa nova, é verdadeiramente nova, porque ela não é afetada, vinculada pelo tempo cronológico, ela transcende o tempo e às vezes cria uma nova era.
No meu ponto de vista só há uma coisa que é a verdade, ainda é um mistério e que até hoje os cientistas a estudam a fundo, é a vida, nos procuramos estudá-la e chegamos a patamares impressionantes, de como suas partículas a compõem, de dentro para fora, mas jamais descobriremos porque ela se manifesta assim.
Um abraço,
Fernando Fancelli