sexta-feira, 19 de agosto de 2016

UMA NOITE MAL DORMIDA

Dormia placidamente, feliz. Qualquer um que o observasse, veria um sorriso estampado em seu rosto. Porém, no meio da noite, acordou de sobressalto. Abriu os olhos e nada enxergou, devido ao breu em que estava mergulhado seu quarto. Apesar da felicidade de seus sonhos, franziu a testa na tentativa de descobrir o que motivara seu despertar. Naquela escuridão, silêncio total. Só ouvia o seu próprio respirar. Prendeu a respiração por uns instantes e, nada! Tudo continuava silente! Percebeu que tinha acordado de bobeira. Estava deitado de costas, e ainda pensou:
— Será que ronco?
Deu uma discreta risadinha, virou-se de lado e, com o velho sorriso estampado no rosto, dormiu novamente. No entanto, não se passaram mais do que dois minutos, ou teria sido mais tempo, pois devido ao sobressalto que sentira ao acordar, tinha esquecido de ver as horas e muito a contragosto, levantou-se e acendeu o abajur. Sentou-se à beira da cama, tentando recompor os pensamentos até sentir um frio a lhe gelar as costas. Silêncio total! Apagou a luz e deitou-se novamente. Deitado de costas de novo, com os olhos bem abertos, obviamente nada via naquele breu. Silêncio total! Ou era? Silêncio total? Estava imaginando coisas ou estava ouvindo um grunhido bem baixinho? De onde vinha? Preocupado, tentou localizar o som. Imaginava que vinha do seu guarda-roupa.
— Será que há ratos lá? Será que estão fazendo a festa com meu pijama de bolinhas vermelhas?
De tanto fazer esforço para localizar os ratos, as pálpebras começaram a ficar pesadas. E ele, um tanto torporoso, já não sabia se estava dormindo, sonhando ou levantando-se para verificar seu pijama no armário.
Conseguiu dormir profundamente, mas acordou de novo com um grunhido que agora parecia vir de mais perto.
— Meu Deus! Será que os ratos vão me atacar?
Começou a dar uma risadinha, que achava que já tendia ao histerismo. Bem, até juraria que sentiu quando lhe mordiscaram o dedão do pé. Prestou bem atenção para localizar o som. Desta vez estava próximo de sua cama. Debaixo da cama? Não se aventurava ligar o abajur novamente. Queria pegar os danadinhos de surpresa. Pôs a mão embaixo da cama, roçou numa coisa felpuda e pensou:
— Peguei um dos sem-vergonhas!
Logo viu que se enganara, pois era uma das meias que tinha tirado do pé ao deitar. Com o sono, adormeceu outra vez, segurando a meia na mão.
Acordou com um susto daqueles. O grunhido agora vinha de sua própria cama! Pôs o braço direito a explorar aquela parte da cama dupla. Tocou num vulto. Verificou que estava quente. Imediatamente lembrou-se da cena daquele filme em que aparece a cabeça de um cavalo na cama de seu dono. Levantou-se rapidamente, acendeu a luz e encontrou uma mulher na sua cama, que dormia tranquilamente, e que grunhia, ou melhor, roncava delicadamente.
Olhou estupidamente para a dona do grunhido. Pôs a mão na cabeça. É claro! Havia bebido um pouco a mais na festa da noite anterior e trouxe uma amiga para sua casa que estava pior do que ele. Tinha tirado os sapatos dela e a deitou na sua cama. A moça simplesmente virou-se de lado, totalmente desligada, e dormiu. Ele ficou um tempo olhando, olhando. Começou a soluçar. Depois, teve de pôr a mão à boca, porque estava chorando de tanto dar risada.
Ratos? Foi até o guarda-roupa. Estava com saudades do pijama de bolinhas vermelhas. Iria tirá-lo de lá para usar na noite seguinte. Abriu o armário. O pijama, que da última vez estivera pendurado num cabide, estava caído na parte inferior do armário, todo comido Estupefato, pegou o pijama. Olhava do pijama para a cama e depois para o guarda-roupa, do armário para a cama e de volta. Pensou:
— Será que havia ratos mesmo?                                                                                                                                                                                                                                             

5 comentários:

  1. Therezinha15:41:00

    Gostei muito da crônica. Texto divertido, leve e alegre e, como sempre, muito bem escrito.
    TACC

    ResponderExcluir
  2. Rsss bacana. Estive aqui em.2012. Ha 4 anos...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Walter22:06:00

      Desculpe, mas não entendi. Dá para ser mais explícita?

      Excluir
  3. Rsss bacana. Estive aqui em.2012. Ha 4 anos...

    ResponderExcluir
  4. Rsss bacana. Estive aqui em.2012. Ha 4 anos...

    ResponderExcluir