Atendi no consultório, dias destes, um paciente com dor nas costas. À medida que ele foi contando sua história, fui estimulando-o a detalhá-la. A causa de sua lombalgia foi facilmente explicada, mas as circunstâncias em que a obteve foram no mínimo curiosas.
Sua filha adolescente regressava de uma viagem e foi buscá-la no aeroporto. Estava com saudades da garota e conversaram animadamente ao se encontrarem no saguão. Havia uma grande afinidade entre os dois, ela uma moça loira, de cabelos longos e lisos, ele, um homem esbelto, com dois metros de altura que chamaria a atenção em qualquer lugar em que fosse.
Enquanto estavam lá, surgiram duas moças que participaram da mesma excursão que a filha fizera, começaram a trocar ideias de como seria a próxima viagem e, a certa altura, quiseram ir até uma lanchonete para tomar sorvete. Carinhosamente, deram a entender que o pai não estava sendo convidado, pedindo que tomasse conta da mala da sua filha. Teve de concordar.
Lá estava ele, perdido no meio do saguão, guardião da mala. Como costuma ocorrer nestas ocasiões, sentiu vontade de urinar e foi procurar o toalete mais próximo. Estes locais não são nada higiênicos e, ao entrar, logo foi agredido por aquele odor característico de sanitário onde não se deu a descarga. Pegou a mala da filha — que tinha rodinhas — e a ergueu do chão que seguramente estaria tão sujo quanto o resto do ambiente.
Estranhou ao perceber várias olhadas de soslaio dos outros presentes. Nesta hora, já sentiu leve dor muscular com o esforço de segurar a mala. Foi até o sanitário, tendo dificuldade para fechar a porta com aquele trambolho nas mãos. Até pensou que poderia ter aguardado sua filha voltar para ir até ali. Isto fez com que sentisse mais urgência. Fazendo malabarismos entre segurar a mala para não encostar no chão e abaixar o zíper de sua calça, foi uma proeza. Enfim conseguiu, porém foi outra luta para colocar tudo no lugar novamente.
Saiu satisfeito do sanitário e observou que havia mais homens no toalete, diferentes daqueles de quando entrara. Mais uma vez recebeu umas olhadelas suspeitas e, de repente, alguém soltou um assobio. Crente que estava sendo provocado, por algum motivo, virou-se rapidamente, quase deixando a mala cair das mãos e, nesta virada, travou as costas. Todos os homens estavam de costas para ele, utilizando os urinois, ou então haviam entrado nos sanitários e fechado as portas. Não haveria como saber quem havia assobiado e nem se era para ele ou não.
Tentou dar de ombros, mas não pôde, face a dor intensa que estava sentindo. Decidiu sair logo para o saguão, assim podendo colocar a mala no chão e aliviar as costas. Mas como doía. Ao encostá-la no chão, foi então que viu o motivo dos olhares masculinos do toalete. Como é que um homem daquele tamanho, bem vestido, andava com uma mala cor-de-rosa! Era de estranhar mesmo!
Procurou um lugar para se sentar, pois não aguentava mais ficar em pé. Foi assim que sua filha o achou, gemendo de dor e mal conseguindo se levantar. A filha, muito preocupada, ligou pelo celular para a mãe, que pegou um táxi e foi ao aeroporto buscá-los. Não voltaram para casa, indo diretamente a um hospital, onde o paciente ficou em observação até o dia seguinte.
Veio ao consultório alguns dias depois, ainda com dor nas costas, porém bem melhor da situação em que se encontrara no toalete, diante daqueles olhares lascivos e mal-intencionados. O paciente foi examinado, medicado e encaminhado para fisioterapia. Do começo ao fim da consulta, foi uma risada só. Prometi a ele que escreveria sobre sua aventura cor-de-rosa!
I'm appreciate your writing style.Please keep on working hard.^^
ResponderExcluirTacc-disse
ResponderExcluirInteressante!Bem escrito, comosempre!Curto oque tem valor por ser mais dificil.
Boas qualidades! Foi um prazer
le-lo !
TACC
Lindo seu blog, beijo!
ResponderExcluirInteressante a aventura cor-de-rosa! (risos.)
ResponderExcluirBeijos! Fica com Deus.
Gostei bastante, tanto da história quanto da maneira como foi contada.
ResponderExcluirI'm appreciate your writing style.Please keep on working hard.^^
ResponderExcluirAdorei! Você tem bom humor..
ResponderExcluir