domingo, 25 de janeiro de 2009

ÀS VOLTAS COM CUPINS


Fim de tarde, começando a escurecer, uma onda de calor paira sobre nossas cabeças. Subitamente, somos envoltos por centenas de insetos voadores que invadem nosso lar, nossa comida, soltam suas asas, e andam por toda parte, escondendo-se nos mais diversos nichos que encontram. É a revoada dos siriris, a forma alada dos cupins, e esta praga, que invade nossas casas, pode trazer conseqüências gravíssimas à nossa tranqüilidade. Nossa maneira de combatê-los foi telar todas as janelas, mas, mesmo assim, os danadinhos conseguem entrar, muito embora em quantidade menor, controlável. São atraídos pela luminosidade das lâmpadas; estando elas apagadas, aqueles que ainda têm asas, voam alhures.

Recentemente, tive de desmontar um armário, que fora parcialmente destruído por cupins. É certo que nem sempre o cupim é o culpado. Há também besouros que atacam a madeira, como é o caso do Xestobium rufovillosum. Na primavera, o barulho dos machos, batendo a cabeça na madeira para atrair a parceira, era considerado um sinal de morte eminente na família. Mas o desastre que ele talvez prenuncie é que a casa vai ruir.

Durante uma forte tempestade, um amigo meu assistia a televisão, com sua filha e o namorado dela. Repentinamente, houve um estrondo intenso que, de imediato, imaginou-se ter vindo da rua, talvez de uma colisão de veículos. No instante seguinte, ouviram-se gritos, surgiu uma poeira intensa e uma enxurrada desceu escada abaixo. Quem gritara, fora a empregada, que estava subindo ao outro piso do sobrado. Ruíram as vigas de sustentação da caixa d’água, e essa desmoronou, trazendo consigo o telhado. Meu amigo, ao alcançar o andar de cima, viu o céu através do quarto de sua filha. Tudo fora destruído. Nada restara do quarto. Que sorte que ela estava lá embaixo com o namorado. Poderia ter ocorrido uma tragédia. Felizmente, ninguém se feriu. Posteriormente, foi constatado que cupins haviam atacado as vigas de apoio da caixa d’água e, também, todo o madeiramento do telhado. Até o piso do andar foi afetado, pois, sendo uma casa antiga, esse também era suportado por vigas de madeira.

Os cupins são insetos da ordem dos isópteros, da família dos termitídeos, também chamados de termitas. Há cupins vegetarianos, que se alimentam de plantas vivas e raízes. Outros são xilófagos, ou seja, comedores de madeira, possuindo protozoários intestinais que digerem a celulose. São esses últimos que atacaram meu armário e, da mesma forma, a casa de meu amigo. Os cupins não devem ser confundidos com traças.

Traças são insetos da família dos lepidópteros, a mesma das borboletas. A traça caseira, cuja larva vive em casulos chatos, abertos nas extremidades, deslocando-se sobre as paredes, é a Tineola uterella. Essas larvas alimentam-se de tecidos de lã, algodão, peles, plumas, etc. e sua forma alada, uma mariposa de pequeno porte, mede 12-16mm. Para elas, a madeira é indigesta! Outra traça conhecida é a traça-de-livro, a Lepisma saccharina, cujas larvas se alimentam de substâncias amiláceas e atacam livros, devido ao amido das colas de encadernação e das etiquetas.

Os cupins formam as maiores e mais complexas sociedades de insetos, mais do que as abelhas ou as formigas. Há espécies, como a Macrotermes bellicosus, da África, cujos ninhos podem abrigar até 5 milhões de insetos. A rainha bota óvulos a cada três segundos, que são fertilizados por um rei. Um casal pode viver até quinze anos. A rainha parece uma larva enorme e vive num alojamento especial, sempre alimentada pelos cupins-operários. Nessa sociedade há também cupins-soldados e cupins-berçaristas. Imagino que deve ter até cupins-babás, que levam as larvinhas recém-nascidas para passear!

Respeito à parte pela organização dos cupins, há bairros de São Paulo infestados por estes insetos, haja vista Itaim-bibi, Higienópolis e Pacaembu, para mencionar apenas alguns. Portanto, o alerta está aí. Muito cuidado com os siriris. Não devem ser menosprezados. Sua presença indesejável poderá criar dores de cabeça incomensuráveis.

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