domingo, 10 de agosto de 2008

IN MEMORIAN


ESTÁ ÓBVIO QUE A GRAFIA DO TÍTULO ACIMA É UM ERRO CRASSO pois, em latim, “em memória de...” é IN MEMORIAM, com “M” no final.

Foi uma lástima que o latim deixasse de ser ensinado no curso secundário, base para tantos idiomas, inclusive o inglês, responsável por aproximadamente 70% daquela língua, face à permanência dos romanos na Inglaterra por 400 anos, no início da Era Cristã.

Lembro-me bem da morte do Papa João XXIII. Naquela ocasião, o Brasil lançou um selo postal em sua homenagem, com os dizeres “In Memorian”, com “N” no final. O selo foi recolhido quando se descobriu o erro, porém foi liberado a seguir, para não fazer com que os poucos selos vendidos se tornassem valiosas peças raras de filatelistas.

Em convites de casamento, então, é muito freqüente essa grafia errada, ao se referirem a um dos genitores dos noivos, já falecido.

Essa problemática nos leva a outra, de tal semelhança, que é justamente a tentativa de se escrever em outra língua, quando não a conhece suficientemente bem, induzindo a erros. Os exemplos mais evidentes são do mau uso de palavras inglesas no comércio. Visitantes estrangeiros não conseguem nem entender o seu significado, empregado naquele sentido, embora sabe-se de exemplos escritos propositalmente assim, para chamar a atenção, como é o caso de ‘Ocean Pacific’, quando deveria ser ‘Pacific Ocean’.

Muito mais sério que isso, é a divulgação internacional de revistas científicas brasileiras, em que firmas são contratadas para traduzir os trabalhos e apresentá-los numa coluna ao lado do texto em português. Para os incautos, aceita-se de olhos fechados a tradução feita. Enfim, fora feita por profissionais. Os erros são tantos que foi motivo de um protesto de minha parte a uma determinada revista médica que o encaminhou ao tradutor, um médico, que me mandou um E-mail grosseiro, referindo que residira no exterior e freqüentara importantes universidades, para justificar sua capacidade de tradutor. Respondi, dizendo-lhe que sua agressividade era descabida, haja vista que minha queixa fora dirigida ao editor da revista, sem saber que era um colega de profissão que estava fazendo aquela tarefa que, sem dúvida, era bastante árdua.

Essa questão não ocorre apenas no Brasil. Vem-me à mente os manuais de instruções de equipamentos eletrônicos oriundos dos países asiáticos, cujo inglês é pecaminoso, chegando-se a ponto de não se entender o que se diz com a instrução dada.

Outro exemplo, voltando a falar do serviço postal, é dos editoriais emitidos pelos Correios a cada novo selo lançado. Houve uma época que eram trilíngües (português, inglês e francês). Pelo menos, o inglês era uma vergonha. Atualmente, alguém tem feito boas traduções para esses editais.

Precisa haver uma conscientização geral de que, no que tange a linguagem escrita, o domínio do idioma é imprescindível, fundamentalmente a oficial, ou quando o público-alvo seja um profundo conhecedor da língua. Obviamente, não é o caso da língua falada, onde admitem-se erros mais aparentes e que são perdoados. Como diz o ditado: “palavras ao vento...”.

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