domingo, 8 de junho de 2008

O MELHOR AMIGO DO HOMEM

O velho adágio de que o melhor amigo do homem é o cão reveste-se de uma verdade inegável. Acho que todos nós temos algum episódio para narrar que envolva um cachorro.
Pois é, eu estou aqui graças a um cão. Meu pai, quando chegou a São Paulo, logo adquiriu um pastor alemão. Naquela ocasião morava em uma pensão onde não se aceitavam animais de estimação. Foi então obrigado a deixá-lo nos alojamentos da firma para a qual trabalhava. Após um tempo, cansado das exigências da pensão, resolveu procurar outra. Leu um anúncio na revista “Times of Brazil”, da comunidade inglesa, de circulação no eixo Rio-São Paulo. Era de uma pensão inglesa não muito longe de onde estava. Lá, perguntou para o senhorio se poderia levar seu cão e este lhe respondeu que sim, pois gostava muito de cachorros. Meu pai então mudou-se para aquela pensão. Costumava passear no fim de tarde para exercitar o pastor e quem o acompanhava era a filha do dono da pensão. Preciso dizer mais alguma coisa? Era a minha mãe.
Vimos, no metrô de Londres, um homem cego aguardando o trem. Segurava um labrador amarelo a seu lado com uma guia. Fui até ele para saber por qual trem esperava. Prontamente me respondeu que o próximo era o seu, que estava no horário e, agradecendo, disse que seu cão o levaria para dentro da composição. Fiquei revoltado ao saber que aqui em São Paulo, uma advogada cega foi impedida de entrar no metrô com um cão guia, porque não é permitido a entrada de animais no recinto. Ela foi obrigada a recorrer à Justiça para obter permissão!
Em Barcelona, minha esposa e eu deparamos com uma cena inesquecível e que nos marca até hoje. Um pedinte cego encontrava-se na calçada do Passeig de Gràcia, com a mão estendida para pedir esmolas. Encontrava-se estático, ajoelhado, de quadris eretos, imóvel. Nem piscava. A seu lado, o seu cachorro vira-lata, também estático, imóvel, sentado nas ancas. Não movia um átimo de seu corpo. Só faltava também estender a pata para pedir a esmola... Uma cena de impressionar qualquer um. Mais uma vez, o exemplo do fiel cão, o melhor amigo do homem.

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