Quando criança, um de meus passatempos era caçar borboletas. Naquela inocência infantil, não passava pela cabeça que estava matando insetos inocentes. É, sim, pois esses lindos animais eram anestesiados com doses letais de éter — que ainda se comprava sem nenhuma restrição —, alfinetados pelo corpo, de costas sobre um tabuleiro, com as asas cuidadosamente espraiadas até que ocorresse a rigidez cadavérica e, depois, virados para mostrar o espécime em todo seu esplendor.
Durante vários anos, talvez até a adolescência, mantive uma bela coleção, mas com outros interesses, foi abandonada e teve de ser destruída quando, um dia, ao olhar as borboletas, descobri que estavam mofando e sendo devoradas por larvas de algum outro tipo de inseto. Mas o interesse por borboletas não arrefeceu e, como sou filatelista, tenho uma vasta coleção de selos, cujo tema é borboletas.
As borboletas e mariposas estão entre os insetos mais apreciados. As primeiras são mais populares, talvez porque voam durante o dia e têm cores mais vivas e atraentes, enquanto as mariposas já são mais sombrias e noctívolas. Pertencem ao gênero Lepidoptera, que significa "asas escamosas", porque as asas são recobertas por milhares de escamas sobrepostas. Há quase 200.000 espécies diferentes e apenas 10% são borboletas, o restante mariposas.
Esses insetos vivem e se adaptam a quase todos os climas, variando desde as tundras do Ártico e os altiplanos andinos, até as florestas tropicais e os pântanos costeiros.
Sua principal alimentação na fase adulta é o néctar das flores, porque só se alimentam de substâncias líquidas e, devido a isso, tornam-se importantes polinizadores. As borboletas e mariposas alimentam-se através de um tubo oco parecido a uma língua que enrola e desenrola para alcançar a profundeza das flores.
Algumas das principais diferenças entre borboletas e mariposas, além de suas cores, são o corpo mais delgado das borboletas, as antenas peludas das mariposas e as asas fechadas das mariposas quando estão em repouso. Obviamente, há várias outras características e exceções.
O ciclo de vida desses insetos consiste de quatro fases: ovo, taturana (lagarta ou larva), pupa (casulo) e adulto. A lagarta se desenvolve na capa protetora do ovo. A fase de larva é a mais ativa para a alimentação. Para crescer, a taturana precisa trocar de pele várias vezes. Na fase de pupa, os componentes do corpo sofrem uma transformação, virando a borboleta ou mariposa, que é a fase adulta. São essas que põem os ovos. O ciclo de vida é conhecido por metamorfose completa e varia muito, dependendo da espécie, mas geralmente o ciclo completo dura de 2-12 meses.
É uma lástima que, atualmente, a quantidade e variedade de borboletas e mariposas decresceu muito em nosso meio, pela grande devastação das áreas verdes, substituídas pelos arranha-céus. No entanto, no interior, temos a oportunidade de ainda nos beneficiar com inúmeras multicoloridas e diferentes.
Algumas espécies de minha infância e adolescência já estão em extinção, haja vista o monarca, famoso por ser uma borboleta que emigrava em bandos desde o México para cá e era abundante 50 anos atrás. Hoje não a vemos mais por aqui.
Na minha antiga chácara, sempre tínhamos borboletas. Lembro-me bem de um tipo que gostava dos pés de maracujá e era uma verdadeira praga, porque as lagartas devoravam as plantas. Mas a borboleta era linda, cor de laranja no dorso e a parte ventral repleta de manchas prateadas.
Sem dúvida, há taturanas interessantes, também. Há uma espécie que gosta de mamona. É uma lagarta verde com quase 10 cm de comprimento, da espessura de um dedo mínimo. Como crianças, colocávamos duas num mesmo galho e atiçávamos para que fossem uma de encontro a outra. Saía cada briga, para ver quem dava passagem!
Lá na chácara, certo dia, minha esposa ouviu um ruído de mastigação no jardim. Ao investigar, descobriu uma taturana comendo a folha de uma frutífera. Quando foi arrancar a folha com o inseto para me mostrar, quase tombou de susto, pois não é que a lagarta, que era verde, soltou dois chifres alaranjados que estavam escamoteados, em sua defesa.
É isso. Cabe apenas lembrar que nem todos esses insetos são tão inocentes quanto parecem. É fato notório que muitas taturanas, principalmente as peludas, queimam (na verdade, produzem uma reação alérgica), porém há borboletas e mariposas que são venenosas também.
Referências:
— Carter, David – Butterflies and Moths – Dorling Kindersley Ltd., 1992.
Durante vários anos, talvez até a adolescência, mantive uma bela coleção, mas com outros interesses, foi abandonada e teve de ser destruída quando, um dia, ao olhar as borboletas, descobri que estavam mofando e sendo devoradas por larvas de algum outro tipo de inseto. Mas o interesse por borboletas não arrefeceu e, como sou filatelista, tenho uma vasta coleção de selos, cujo tema é borboletas.
As borboletas e mariposas estão entre os insetos mais apreciados. As primeiras são mais populares, talvez porque voam durante o dia e têm cores mais vivas e atraentes, enquanto as mariposas já são mais sombrias e noctívolas. Pertencem ao gênero Lepidoptera, que significa "asas escamosas", porque as asas são recobertas por milhares de escamas sobrepostas. Há quase 200.000 espécies diferentes e apenas 10% são borboletas, o restante mariposas.
Esses insetos vivem e se adaptam a quase todos os climas, variando desde as tundras do Ártico e os altiplanos andinos, até as florestas tropicais e os pântanos costeiros.
Sua principal alimentação na fase adulta é o néctar das flores, porque só se alimentam de substâncias líquidas e, devido a isso, tornam-se importantes polinizadores. As borboletas e mariposas alimentam-se através de um tubo oco parecido a uma língua que enrola e desenrola para alcançar a profundeza das flores.
Algumas das principais diferenças entre borboletas e mariposas, além de suas cores, são o corpo mais delgado das borboletas, as antenas peludas das mariposas e as asas fechadas das mariposas quando estão em repouso. Obviamente, há várias outras características e exceções.
O ciclo de vida desses insetos consiste de quatro fases: ovo, taturana (lagarta ou larva), pupa (casulo) e adulto. A lagarta se desenvolve na capa protetora do ovo. A fase de larva é a mais ativa para a alimentação. Para crescer, a taturana precisa trocar de pele várias vezes. Na fase de pupa, os componentes do corpo sofrem uma transformação, virando a borboleta ou mariposa, que é a fase adulta. São essas que põem os ovos. O ciclo de vida é conhecido por metamorfose completa e varia muito, dependendo da espécie, mas geralmente o ciclo completo dura de 2-12 meses.
É uma lástima que, atualmente, a quantidade e variedade de borboletas e mariposas decresceu muito em nosso meio, pela grande devastação das áreas verdes, substituídas pelos arranha-céus. No entanto, no interior, temos a oportunidade de ainda nos beneficiar com inúmeras multicoloridas e diferentes.
Algumas espécies de minha infância e adolescência já estão em extinção, haja vista o monarca, famoso por ser uma borboleta que emigrava em bandos desde o México para cá e era abundante 50 anos atrás. Hoje não a vemos mais por aqui.
Na minha antiga chácara, sempre tínhamos borboletas. Lembro-me bem de um tipo que gostava dos pés de maracujá e era uma verdadeira praga, porque as lagartas devoravam as plantas. Mas a borboleta era linda, cor de laranja no dorso e a parte ventral repleta de manchas prateadas.
Sem dúvida, há taturanas interessantes, também. Há uma espécie que gosta de mamona. É uma lagarta verde com quase 10 cm de comprimento, da espessura de um dedo mínimo. Como crianças, colocávamos duas num mesmo galho e atiçávamos para que fossem uma de encontro a outra. Saía cada briga, para ver quem dava passagem!
Lá na chácara, certo dia, minha esposa ouviu um ruído de mastigação no jardim. Ao investigar, descobriu uma taturana comendo a folha de uma frutífera. Quando foi arrancar a folha com o inseto para me mostrar, quase tombou de susto, pois não é que a lagarta, que era verde, soltou dois chifres alaranjados que estavam escamoteados, em sua defesa.
É isso. Cabe apenas lembrar que nem todos esses insetos são tão inocentes quanto parecem. É fato notório que muitas taturanas, principalmente as peludas, queimam (na verdade, produzem uma reação alérgica), porém há borboletas e mariposas que são venenosas também.
Referências:
— Carter, David – Butterflies and Moths – Dorling Kindersley Ltd., 1992.
— Sandars, Edmund – A Butterfly Book for the Pocket – Oxford University Press, 3rd. impression (reset), 1955.
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