terça-feira, 18 de dezembro de 2007

BATRÁQUIOS

Não me falem de batráquios, sejam eles sapos, rãs ou pererecas.
Conhecem as pererecas?... Aquelas coisas geladas e gosmentas que fazem "cró!".
Ugh! Tenho verdadeiro asco delas. Vou-lhes contar porquê.
Tempos atrás, fomos passar uns dias na praia. Chegamos debaixo de chuva. Não nos agradava a idéia de ficar em casa, mas... que remédio!
Logo, ruídos estranhos nos arredores da casa nos chamaram a atenção: parecia um caldeirão de sopa fervilhando, schlop, schlop, schlop, schlop.
Prestando bem atenção, deu para discernir que se tratava de uma multidão de batráquios no brejo ao lado, regozijando-se daquele clima próprio para eles.
Não tardou e ouvimos um daqueles seres coaxando no interior da casa. Foi imediatamente respondido por outro, também lá dentro. Sabíamos que ia ser uma longa noite, caçando aqueles bichos.
Fazia algum tempo que a casa não recebia hóspedes e os animais a consideravam sua. O telhado de telhas-vãs facilitava a entrada daqueles mal-desejados.
De luzes acesas, procurei pelos danados que haviam silenciado com a claridade da luz artificial.
Pouco depois, escutei um "plop!" e depois mais um "plop!". Deduzi, acertadamente, que era um batráquio andando pelo chão. Procurei por ele e acabei achando-o.
Lembrei-me de uma boa maneira de caçar passarinho, atirando-se um chapéu sobre ele e assim evitando que voasse. Decidi fazer o mesmo neste caso e — heureca! — foi pleno sucesso.
A perereca, de cor verde-clara e patinhas globosas, estava debaixo do chapéu que se movia lentamente com as tentativas da perereca de sair debaixo dele. Arrastei o chapéu até a porta de entrada e com um movimento brusco, procurei me desvencilhar do indesejável inquilino, mas ele deu um salto e aquela coisa nojenta foi aterrissar na minha testa. Quase desfaleci de susto.
Enfim, esta e outras pererecas foram despejadas por nós naquela fatídica noite e do mesmo modo.
Não foi diferente nas noites seguintes.
Apenas numa ocasião, senti pena daqueles bichinhos. Um arrepio desceu por minha espinha ao forçar uma porta que parecia emperrada e ouvi um grito de dor. Quando fui olhar, lá se encontrava uma perereca estatelada entre a porta e o batente, junto às dobradiças. Havia espremido a coitada!
Por isso, toda vez que vejo um batráquio, vem-me à mente aqueles dias inesquecíveis na praia...

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