(THE HAY WAIN)
A
Carroça de Feno é considerada uma das pinturas mais queridas dos ingleses. Esta
pintura de John Constable (1776-1837) demonstra um real cenário rural da
Inglaterra entre os condados de Suffolk e Essex, no começo do século XIX.
Com
meus seis ou sete anos de idade, meus pais me presentearam com uma pequena
reprodução numa moldura preta bem simples que eu achava linda demais, comprada no
bazar anual da Igreja Anglicana. Sua largura não passava de uns 30 cm (tamanho
de uma folha A4). Ficou na cabeceira de minha cama durante todos os anos em que
morei com meus pais. Desconhecia o nome do pintor e da obra. Meus pais também
não sabiam quem era o autor desta maravilhosa pintura, pois vieram para a
América do Sul ainda no início da adolescência e pouco contato tiveram com a
arte inglesa.
Certo dia, como sou filatelista, recebi uns
selos da Inglaterra e num deles estava uma reprodução do quadro com o nome do
pintor tão procurado. É claro que já ouvira falar de Constable, mas nunca o
relacionei com aquela pintura. O selo foi emitido em 1968, época em que ainda
não havia recursos como a Internet. Procurei na Enciclopaedia Britannica de meu
pai, edição de 1929, e descobri que se encontra na National Gallery de Londres.
Jurei que na primeira viagem para Londres visitaria aquele museu que fica em
Trafalgar Square, o que só consegui cumprir em 1992. Surpreendeu-me o tamanho
real da pintura: 1,30 m x 1,85 m!
É
uma pintura a óleo sobre tela. A figura central e principal do cenário bucólico
que se desvenda perante nossos olhos é de dois homens tentando fazer os cavalos
atravessarem uma lagoinha, puxando uma carroça com feno. Um cachorro observa a
cena e parece estar prestes a latir. Não há relatos da raça do cão, mas lembra
muito o Springer Spaniel Inglês. Na
minha pesquisa na Internet descobri que o selo postal supramencionado foi o
primeiro selo britânico a ser lançado no qual figura um cão. Um velho casebre
domina o lado esquerdo da tela. Parece haver uma mulher lavando roupa também
vendo o drama da carroça. Não menos importante, embora nunca tenha lido nada a
respeito, há um menino com uma vara de pescar junto a um barco a remo. Marrecos
nadam com tranquilidade lá perto. O que realmente rouba a cena em minha opinião
é a preocupação de Constable com as nuvens, típicas nuvens de verão, formadoras
de chuva. Ainda na minha análise do quadro, chama atenção a qualidade das
árvores em primeiro plano. Bem no fundo observa-se gente trabalhando na
lavoura, cercada por grupos de árvores à distância. Tudo isso fornece ao
expectador um ar de labuta rural.
Nascido
em Suffolk, Constable era um paisagista que gostava de retratar cenas de sua
infância. A Carroça de Feno foi executada enquanto residia em Londres e a
exibiu pela primeira vez na Academia Real de Londres em 1821. Foi pouco notada,
pois estava pendurada numa parede repleta de quadros de outros pintores. Em
1824 foi convidado para exibi-la em Paris, onde ganhou medalha de ouro.
O
verdor dos suas paisagens, assim como a austeridade de seus traços o impediram
de se tornar membro da Academia Real até 1829, com a idade de 52 anos, pois
consideravam que ele não se enquadrava no conceito de pinturas daquela época.
Não aceitavam a clareza com que Constable representava suas paisagens com um
frescor inconfundível de inabalável realismo.
O
casebre e aquela lagoinha existem. Ainda reside gente lá e há uma placa
avisando que é propriedade particular e a área é restrita, não sendo permitida
a visitação. Na época do verão a Terra de Constable (como é conhecida a região)
é assediada por turistas, com centro de convivência e um grande estacionamento
lá perto.
Este
quadro é tão conhecido que é encontrado como quebra-cabeças, impresso em
pratos, em jogos americanos e em toalhas de mesa. Sua popularidade é tão
impressionante, que há até mesmo papel de parede com esta pintura de John
Constable, A Carroça de Feno!
Prosa muito boa, Walter!
ResponderExcluirGostei muito de conhecer os detalhes desta obra de John Constable!
Mais ainda do contexto em que a pintura envolveu-se na sua vida!
Abraços e grato pela lembrança,
Raymundo
Meu Caro Amigo Raymundo,
ExcluirMuito obrigado pelas suas palavras.
Abraços,
Walter
Walter...
ResponderExcluirFoi muito feliz na descrição
Traduzido para o inglês.
Constable...diria ao lê.
Uma beleza.Parece que ele estava lá.
Quem sabe?