Dormia
placidamente, feliz. Qualquer um que o observasse, veria um sorriso estampado
em seu rosto. Porém, no meio da noite, acordou de sobressalto. Abriu os olhos e
nada enxergou, devido ao breu em que estava mergulhado seu quarto. Apesar da
felicidade de seus sonhos, franziu a testa na tentativa de descobrir o que
motivara seu despertar. Naquela escuridão, silêncio total. Só ouvia o seu
próprio respirar. Prendeu a respiração por uns instantes e, nada! Tudo continuava
silente! Percebeu que tinha acordado de bobeira. Estava deitado de costas, e
ainda pensou:
—
Será que ronco?
Deu
uma discreta risadinha, virou-se de lado e, com o velho sorriso estampado no
rosto, dormiu novamente. No entanto, não se passaram mais do que dois minutos, ou
teria sido mais tempo, pois devido ao sobressalto que sentira ao acordar, tinha
esquecido de ver as horas e muito a contragosto, levantou-se e acendeu o abajur.
Sentou-se à beira da cama, tentando recompor os pensamentos até sentir um frio
a lhe gelar as costas. Silêncio total! Apagou a luz e deitou-se novamente.
Deitado de costas de novo, com os olhos bem abertos, obviamente nada via
naquele breu. Silêncio total! Ou era? Silêncio total? Estava imaginando coisas
ou estava ouvindo um grunhido bem baixinho? De onde vinha? Preocupado, tentou
localizar o som. Imaginava que vinha do seu guarda-roupa.
—
Será que há ratos lá? Será que estão fazendo a festa com meu pijama de bolinhas
vermelhas?
De
tanto fazer esforço para localizar os ratos, as pálpebras começaram a ficar
pesadas. E ele, um tanto torporoso, já não sabia se estava dormindo, sonhando
ou levantando-se para verificar seu pijama no armário.
Conseguiu
dormir profundamente, mas acordou de novo com um grunhido que agora parecia vir
de mais perto.
—
Meu Deus! Será que os ratos vão me atacar?
Começou
a dar uma risadinha, que achava que já tendia ao histerismo. Bem, até juraria
que sentiu quando lhe mordiscaram o dedão do pé. Prestou bem atenção para
localizar o som. Desta vez estava próximo de sua cama. Debaixo da cama? Não se
aventurava ligar o abajur novamente. Queria pegar os danadinhos de surpresa.
Pôs a mão embaixo da cama, roçou numa coisa felpuda e pensou:
—
Peguei um dos sem-vergonhas!
Logo
viu que se enganara, pois era uma das meias que tinha tirado do pé ao deitar.
Com o sono, adormeceu outra vez, segurando a meia na mão.
Acordou
com um susto daqueles. O grunhido agora vinha de sua própria cama! Pôs o braço
direito a explorar aquela parte da cama dupla. Tocou num vulto. Verificou que
estava quente. Imediatamente lembrou-se da cena daquele filme em que aparece a
cabeça de um cavalo na cama de seu dono. Levantou-se rapidamente, acendeu a luz
e encontrou uma mulher na sua cama, que dormia tranquilamente, e que grunhia,
ou melhor, roncava delicadamente.
Olhou
estupidamente para a dona do grunhido. Pôs a mão na cabeça. É claro! Havia
bebido um pouco a mais na festa da noite anterior e trouxe uma amiga para sua
casa que estava pior do que ele. Tinha tirado os sapatos dela e a deitou na sua
cama. A moça simplesmente virou-se de lado, totalmente desligada, e dormiu. Ele
ficou um tempo olhando, olhando. Começou a soluçar. Depois, teve de pôr a mão à
boca, porque estava chorando de tanto dar risada.
Ratos?
Foi até o guarda-roupa. Estava com saudades do pijama de bolinhas vermelhas.
Iria tirá-lo de lá para usar na noite seguinte. Abriu o armário. O pijama, que
da última vez estivera pendurado num cabide, estava caído na parte inferior do
armário, todo comido Estupefato, pegou o pijama. Olhava do pijama para a cama e
depois para o guarda-roupa, do armário para a cama e de volta. Pensou:
—
Será que havia ratos mesmo?
Gostei muito da crônica. Texto divertido, leve e alegre e, como sempre, muito bem escrito.
ResponderExcluirTACC
Rsss bacana. Estive aqui em.2012. Ha 4 anos...
ResponderExcluirDesculpe, mas não entendi. Dá para ser mais explícita?
ExcluirRsss bacana. Estive aqui em.2012. Ha 4 anos...
ResponderExcluirRsss bacana. Estive aqui em.2012. Ha 4 anos...
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