Tenho um gato
preto. Ele é gordo e folgado. Está lá com seus nove anos de idade. Chegou em
casa com apenas 15 dias, portanto hoje faz parte da família. Junto com ele
vieram mais três gatos, todos da raça SRD (Sem Raça Definida!). Com o passar
dos anos, restaram somente ele e mais um.
Durante o dia,
dormem juntos no sofá. Quando chegamos em casa, seja de dia ou de noite,
parecem adivinhar que estamos do outro lado da porta do apartamento, pois lá encontram-se
eles esperando para nos cumprimentar. O poder auditivo de gatos é algo impressionante.
É aí onde reside
o perigo. Houve várias tentativas do gato preto sair para o hall, mas toda vez,
com o pé, conseguia fazê-lo voltar para dentro de casa. Um dia até conseguiu
esquivar-se e foi parar no meio do hall. Porém, ao chamá-lo, voltou correndo.
Temos de ficar sempre atentos para que nenhum dos dois escapem, embora o outro
gato seja mais tranquilo e jamais pôs as patas para fora de casa.
Rotina vai,
rotina vem. Gosto de chamá-los quando estou em casa. Certo dia, cadê o gato
preto? O outro respondeu, mas nada do gato preto. Procurei em todos os
esconderijos habituais. Nada. Procurei atrás do monitor do computador, um lugar
predileto. Nada. Afastei sofá e poltronas da sala para ver se estava lá. Nada.
Mesmo tendo a certeza de que não poderia ter escapado, sai para o hall e o
chamei. Nada. Voltei. Achei que ouvira um fraco miado. O desgraçado estava
gozando de mim? Vasculhei a casa toda de novo. Nada. Quando menos espero, ouço
novamente aquele miado. Olho para cima e ei-lo, belo e folgado no topo de uma
cristaleira alta que quase toca o teto. Ele me olha e eu o encaro. Como é que
subiu ali, seu gato maroto? Solta um mio
mais forte, como a dizer: Achou!
Naquele fatídico
dia, o gato preto consegue se desvencilhar dos meus pés e sai pelo hall afora.
Chega próximo das escadas que vão para o andar de baixo, olha para mim como a
me desafiar: Venha me pegar! Naquele instante, ouve-se o latido do buldogue do
vizinho por detrás da porta. O gato se assusta e desce correndo pelas escadas.
E eu corro atrás dele. Ele para no hall daquele andar; parece hesitar, não sabendo
o que fazer. Ouve meus passos e minha respiração ofegante. Espera até eu vê-lo
e, de novo, desembesta pela escada abaixo para o outro andar. Só que desta vez
ele encontra a porta de um apartamento aberta e entra, sem cerimônia, talvez
pensando que fosse o seu. Estou chegando lá, suando às bicas, quando sou quase
atropelado por ele, pois sai voando do apartamento perseguido por um enorme
gato alaranjado, da raça Maine Coon. Sei que, em geral, são animais dóceis,
porém meu gato preto invadiu seu espaço. E lá vou eu, subindo lances de escada
atrás deles para ver o que aconteceu. No meu andar, uma cena inusitada: o Maine
Coon está na soleira da porta de casa, se esfregando no meu outro gato.
E o gato preto?
Aquele covarde foi encontrado, mais tarde, debaixo do sofá. Ficou dois dias sem
se alimentar, tamanho o susto que levou. Atualmente ele não se digna nem a
levantar para vir nos cumprimentar quando chegamos da rua. Deve ainda sonhar com o Maine Coon, o maior
gato doméstico existente e que, para ele, deve ser parecido com algum tipo de
monstro.
Muito engraçado! !! Eles são muito especiais! !!
ResponderExcluirMuito engraçado! !! Eles são muito especiais! !!
ResponderExcluirToda a história sobre gatos é interessante e esta é muito bem escrita. Parabéns !
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