(imagem da Internet)
Em 2014, quando escrevi um ensaio a
respeito de “Cometas”, contei sobre uma sonda espacial europeia chamada
Rosetta, que fora lançada em 2004 com a missão específica de estudar o cometa
67P/Churyumov-Gerasimenko, cuja superfície mede apenas 14 km2. A sonda viajou mais
de seis bilhões de quilômetros até entrar em órbita do cometa. Foi o primeiro
objeto construído pelo homem a realizar tal façanha, mantendo uma órbita a 100
km do cometa, acompanhando sua velocidade de 55.000 km/h. Isto ocorreu em 6 de
agosto de 2014, alguns meses depois de completar 10 anos do lançamento.
Acoplado à sonda Rosetta estava um
pequeno veículo robótico cujo nome é Philae, ambos monitorados por um Centro de
Controle em Cologne, na Alemanha. Seu nome deriva de um obelisco com inscrições
bilíngues, da Ilha de Philae, e que foi usado juntamente com a Pedra da Rosetta
para decifrar os hieroglifos egípcios. Em 12 de novembro Philae pousou na
superfície do 67P, num feito único. No pouso, o robô não conseguiu se fixar ao
solo e deu um salto de aproximadamente um quilômetro antes de voltar à
superfície do cometa, flutuando até parar. Imediatamente, vários dos
instrumentos a bordo começaram a mandar dados para determinar a composição do
solo.
Comemorou-se muito o sucesso da
missão, mas essa alegria durou pouco. Infelizmente, três dias depois o veículo
parou de funcionar e entrou em modo de hibernação. Isto deveu-se ao fato de
estar equipado com baterias solares, e Philae pousou num local de sombra onde
não conseguia recarregar, porque os raios solares não chegavam até ele.
Naqueles três dias em que ficou
mandando dados, um dos instrumentos detectou partículas orgânicas na atmosfera
do cometa, incluindo hidrogênio e carbono. Constatou-se que a superfície era
formada por gelo e que no local onde pousou, não conseguiu perfurar o gelo, pois
estava muito duro e espesso.
Desde a inoperância do Philae, a
sonda espacial Rosetta permaneceu em órbita do cometa. Em 14 de junho de 2015,
recebeu-se uma transmissão de 85 segundos do veículo robótico, retransmitida da
sonda para o Centro na Alemanha, indicando que as baterias foram recarregadas e
estava novamente operacional. O cometa vai se aproximando do Sol e está
sofrendo um processo de aquecimento e, devido ao seu lento derretimento, está
começando a liberar sua cauda. Philae está sendo iluminado pelo sol que fez com
que pudesse retornar às atividades planejadas.
Os cientistas irão alterar a órbita
de Rosetta para que a comunicação entre o cometa e a Terra seja facilitada, e
se possa fazer novas pesquisas, resultando em mais dados científicos. Eles
também estão com esperanças de descobrir a exata localização de Philae, que
continua um mistério.
Entre as várias pesquisas, as
amostras do solo do cometa que serão colhidas por perfurações com brocas
especiais, espera-se poder desvendar detalhes de como os planetas — e
possivelmente mesmo a vida — evoluíram. Acredita-se que a rocha e o gelo que
compõem um cometa conservem moléculas orgânicas primitivas como se ele fosse uma
cápsula do tempo.
Segundo consta, o cometa 67P alcançará
o ponto mais próximo do Sol em 13 de agosto, quando então começará a se afastar
daquele astro. O veículo robótico deverá receber luz solar suficiente para
continuar em funcionamento até outubro, quando mais uma vez ficará inoperante,
provavelmente para sempre.
É uma lástima que após ter
percorrido uma distância impressionante durante 10 anos, só possa ser
aproveitado por menos de um ano, virando lixo cósmico!
Referências: Wikipedia, BBC e CBC
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